
Amor na contemporaneidade
A fragilidade dos laços humanos
CONTEMPORANEIDADERELACIONAMENTOS
Marcelo Paes
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Vivemos em uma era marcada pela pressa, pela urgência e pelo que é superficial.
Nesse cenário, tudo precisa ser imediato, descartável, substituível e não há tempo para reflexão e um olhar mais calmo para o que se vive e se observa. O amor, então, que é da ordem do encontro, da construção e do tempo que pede calma, torna-se cada vez mais raro.
Zygmunt Bauman, em seus estudos analisando a sociedade e a cultura contemporâneas, chamou isso de amor líquido, onde os vínculos são fluídos, instáveis e que se dissolvem diante da menor frustração. Amar, hoje, parece exigir uma coragem quase revolucionária.
A psicanálise observa que o sujeito contemporâneo teme o desamparo e, ao mesmo tempo em que busca a ilusão da completude do amor no outro, foge do comprometimento e da responsabilidade dos vínculos afetivos. Deseja o outro, mas teme ser atravessado por ele. Quer o afeto, mas não suporta a profundidade que a vida a dois implica e o amor necessita.
Essa tensão cria um movimento paradoxal entre a aproximação e o afastamento, entre a ânsia do encontro e a vontade de se afastar. O sujeito contemporâneo vive distante de si mesmo e do que deseja com clareza.
Amar exige suportar a ausência e a compreensão de que o outro nunca poderá preencher totalmente o vazio existencial que se carrega dentro de si. O amor maduro reconhece o limite e, ainda assim, escolhe permanecer.
Talvez amar, nos tempos líquidos, seja justamente a decisão de permanecer mesmo quando a fluidez tenta nos levar para longe.
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MARCELO PAES
Psicanalista e Psicoterapeuta