A profundidade da psicanálise em tempos de superficialidade
A singularidade do humano em contraponto à exigência social de rapidez e superficialidade.
CONTEMPORANEIDADE
Marcelo Paes
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Vivemos em uma era marcada pela velocidade e pela superficialidade. As relações se tornaram efêmeras, a comunicação é fragmentada e a exigência por respostas rápidas nos afasta de nossa própria interioridade. Nesse cenário, a singularidade do sujeito é muitas vezes ignorada, dando lugar a uma cultura que valoriza a padronização e a aparência em detrimento da essência.
Mas como a psicanálise pode ajudar nesse contexto?
O resgate da singularidade
Na contramão da lógica do consumo e da performance, a psicanálise oferece um espaço de escuta onde o sujeito pode ser verdadeiramente acolhido em sua singularidade. Diferente das respostas prontas e dos discursos motivacionais que tentam impor um modelo de felicidade universal, a análise permite que cada pessoa encontre suas próprias respostas.
Freud nos ensinou que cada sujeito é marcado por sua história única, por desejos inconscientes que escapam ao senso comum. Lacan reforça essa ideia ao afirmar que o desejo é sempre particular, e que não há um "manual" que sirva para todos. Em um mundo que insiste em nos enquadrar, a psicanálise nos ajuda a reencontrar o que nos faz únicos.
A necessidade da escuta em um mundo acelerado
Se antes as pessoas tinham tempo para refletir sobre suas emoções, hoje vivemos uma pressa constante que nos impede de processar nossos próprios sentimentos. Há uma pressão para seguir em frente rapidamente, sem tempo para elaborar lutos, perdas e frustrações.
A psicanálise se coloca como um contraponto a essa aceleração. Na análise, não há urgência em encontrar uma solução imediata; há, sim, um espaço para que o sujeito possa falar sem pressa, sem interrupções, sem a exigência de ser compreendido instantaneamente. Esse tempo de fala e escuta é essencial para que possamos nos reconectar conosco mesmos.
Além da superfície: o contato com o inconsciente
Redes sociais, mensagens instantâneas e a cultura da imagem nos fazem acreditar que sabemos tudo sobre nós mesmos, mas a psicanálise nos mostra que há algo além da superfície. O inconsciente rege grande parte de nossas escolhas, e somente ao investigá-lo podemos compreender por que repetimos padrões de sofrimento, por que sentimos angústia mesmo quando "tudo parece bem" e por que muitas vezes buscamos no outro aquilo que nos falta internamente.
A terapia psicanalítica não oferece promessas fáceis, mas permite que o sujeito acesse suas verdades mais profundas. E, ao fazer isso, ele se torna mais autêntico, menos refém das exigências externas e mais capaz de construir um caminho próprio, sem precisar se encaixar em padrões artificiais.
Conclusão
Em um mundo que exige rapidez, a psicanálise propõe a pausa. Em um tempo de superficialidade, oferece profundidade. E em uma sociedade que insiste em moldar todos de maneira igual, devolve ao sujeito sua singularidade.
Se você sente que está sendo engolido pela lógica da velocidade e da aparência, talvez seja hora de olhar para dentro. A psicanálise não oferece respostas prontas, mas ajuda você a encontrar as suas. Afinal, viver com autenticidade é o maior ato de resistência em tempos de superficialidade.
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MARCELO PAES
Psicanalista e Psicoterapeuta